A rivalidade entre Corinthians e Santos atravessa décadas, proporcionando confrontos memoráveis e históricos. Com mais de um século de partidas, os dois clubes já se enfrentaram em finais de campeonatos, disputas de títulos e momentos que ficaram marcados na memória do futebol brasileiro. Um desses jogos inesquecíveis e históricos aconteceu na semifinal do Campeonato Paulista de 2001, um duelo que até hoje é lembrado pelos torcedores corinthianos como um dos mais emocionantes.
O contexto do Campeonato Paulista 2001
O Paulistão daquele ano era dividido em duas fases. No primeiro turno, 16 times se enfrentaram em turno único, e os quatro melhores avançaram para as semifinais, disputadas em duas partidas. O regulamento previa que não haveria disputa de pênaltis, ou seja, o empate, ao fim dos dois jogos, favorecia a equipe de melhor campanha.
A grande surpresa da competição foi a Ponte Preta, que terminou na primeira posição da tabela, seguida pelo Santos. O Corinthians, em um campeonato de recuperação, conquistou sete vitórias seguidas e ficou com a terceira colocação, enquanto o Botafogo-SP fechou o grupo dos semifinalistas.
Apesar de ter sido campeão mundial em 2000, o Corinthians vinha de um Campeonato Brasileiro fraco e passava por uma reformulação. Já o Santos, sem títulos expressivos há 17 anos, montou um elenco competitivo para brigar por taças.
O grande jogo: Corinthians x Santos no Morumbi
No dia 13 de maio de 2001, mais de 54 mil torcedores foram ao Morumbi para assistir à decisiva semifinal. O primeiro jogo terminou em 1 a 1, o que dava ao Santos a vantagem do empate para avançar à final.
O Corinthians, comandado por Vanderlei Luxemburgo, entrou em campo com: Maurício; Rogério, João Carlos, Fábio Luciano e Kléber (Andrezinho); Otacílio (Marcos Senna), André Luís, Ricardinho e Marcelinho; Ewerthon e Paulo Nunes (Gil).
Já o Santos, sob o comando de Geninho, teve a seguinte escalação: Fábio Costa; Russo, Galván, Claudiomiro e Léo; Paulo Almeida, Rincón, Renato e Robert; Dodô (Caio) e Deivid (André Luís).
Destaque para Rincón que vestia a camisa do Peixe, após deixar o Corinthians no ano anterior.
O duelo também ficou marcado por um episódio curioso: o uso de um ponto eletrônico por Ricardinho, uma ideia da comissão técnica do Corinthians aprovada por Luxemburgo. A CBF proibiu o recurso para partidas futuras após a polêmica gerada no jogo.
Um jogo repleto de emoções
A partida começou intensa e polêmica. Aos 12 minutos, Paulo Almeida agrediu Paulo Nunes e depois cometeu falta dura em Marcelinho, mas os árbitros (naquele Paulistão, dois juízes atuavam simultaneamente) ignoraram o lance. Pouco depois, aos 17 minutos, o Santos teve um pênalti a seu favor, mas Dodô desperdiçou chutando na trave. Aos 21 minutos, o Corinthians também teve um pênalti, mas Marcelinho também acertou o poste, mantendo o placar inalterado.
O jogo seguiu eletrizante e extremamente falso por parte do Santos, que os árbitros fingiam não ver. Aos 33 minutos, Renato aproveitou cruzamento e abriu o placar para o Santos. A resposta corinthiana veio dois minutos depois: Marcelinho recebeu dentro da área, girou e chutou, com a bola batendo nas duas traves antes de entrar. O primeiro tempo terminou em 1 a 1.
No segundo tempo, o Santos passou a segurar o resultado, apostando nos contra-ataques, enquanto o Corinthians buscava o gol. Aos 10 minutos, Luxemburgo promoveu a entrada de Gil no lugar de Paulo Nunes, mudança comemorada pela Fiel e que seria crucial para o desfecho do jogo.
Nos acréscimos, aos 47:45, surgiu o gol da classificação corinthiana. Andrezinho lançou Gil, que arrancou pela esquerda e, com um drible desconcertante, deixou André Luís no chão. Ele tocou para Marcelinho, que fez um corta-luz perfeito para Ricardinho. O camisa 11 finalizou de primeira, de perna esquerda, no canto do goleiro Fábio Costa. Era o gol da vitória, garantindo o Corinthians na final, proporcionando momentos históricos de comemorações da Fiel.
A conquista do título e o legado da partida
Semanas depois, o Corinthians confirmou o título paulista ao vencer o Botafogo-SP, mas a semifinal contra o Santos se tornou o verdadeiro marco daquela campanha. O jogo simbolizou a garra da equipe alvinegra, que jamais desistiu, sempre acreditando na vitória até o último minuto.
Para a Fiel torcida, aquele 13 de maio de 2001 ficou eternizado como um dos duelos históricos mais emocionantes do Corinthians.